A dor foi conceituada pela Associação Internacional para Estudos da Dor (IASP) como “uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a um dano real ou potencial dos tecidos, ou descrita em termos de tais lesões”. Dor é uma experiência subjetiva e pessoal, envolve aspectos sensitivos e culturais que podem ser alterados pelas variáveis socioculturais e psíquicas do indivíduo e do meio. Conhecer os fatores desencadeantes da dor pode facilitar seu controle.
A dor crônica pode ser definida como a dor contínua ou recorrente de duração mínima de três meses; sua função é de alerta e, muitas vezes, tem a etiologia incerta, não desaparece com o emprego dos procedimentos terapêuticos convencionais e é a causa de incapacidades e inabilidades prolongadas. A dor crônica pode ser primária (quando não se conhece a causa) ou secundária (quando é consequência de alguma doença conhecida). Dores musculoesqueléticas são o problema de saúde mais frequente na população entre 15 e 64 anos, constituindo a principal causa de aposentadoria precoce, a segunda causa de tratamento de longo prazo e a principal causa de incapacidade em grupos dessa faixa etária. Os descritores verbais da dor permitem que o paciente forneça e indique as características da dor (nenhuma dor, dor leve, dor moderada, dor intensa, maior dor) e são de extrema importância para o diagnóstico e acompanhamento do quadro.
O estresse emocional aumenta a tensão muscular, podendo também levar à síndrome da dor miofascial e à hiperatividade vegetativa com aumento da sensibilidade dos receptores da dor. Esse pode ser um importante fator perpetuante da dor crônica. Pessoas com comorbidades psicopatológicas como ansiedade e depressão, podem apresentar um comportamento focado na dor. Outros fatores que podem estar associados à dor crônica: excesso de peso, falta de atividade física, consumo de bebidas alcoólicas, tabagismo e má alimentação.
Por meio de um maior conhecimento sobre a dor crônica de idosos, suas repercussões na vida destas pessoas e as estratégias analgésicas mais utilizadas, espera-se dar subsídios para que os profissionais de saúde possam refletir sobre esta comorbidade e busquem alternativas para minimizar o sofrimento e incapacidades impostas aos idosos e familiares devido à dor.
O tratamento de pacientes com dor crônica pode ser um desafio terapêutico importante para o médico. Os canabinoides entram neste contexto para pacientes multifatoriais. O THC é responsável pela maioria dos efeitos farmacológicos e adversos da cannabis, incluindo seu efeito psicoativo através de sua via a sinalização por meio de receptores CB1 e CB2. No seu uso clínico, destacam-se, principalmente, a atividade analgésica, antiespasmódica, antiemética, estimulante do apetite. De forma geral, precisa-se entender se existe indicação clínica para cada paciente especificamente. Caso a indicação seja confirmada, deve-se investigar se existe alguma contraindicação relativa, interações farmacológicas, e/ou outros cuidados que se deve tomar ao eleger o canabinoide ideal. Os canabinoides podem ser utilizados em vários tipos de queixas de pacientes, tais como dor crônica neuropática, dor crônica nociplástica, dores mistas, tolerabilidade, entre outros.