A epilepsia é definida pela hiperatividade neuronal e circuitos cerebrais levando a descargas elétricas excessivas e sincrônicas. É uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais, que podem ficar restritos a esse local. Sendo assim, a crise será chamada parcial; se envolverem os dois hemisférios cerebrais será generalizada.
Os episódios de convulsões são resultado de descargas elétricas excessivas num grupo de células cerebrais, sendo que diferentes partes do cérebro podem ser atingidas. Elas podem variar entre breves lapsos de atenção e espasmos musculares até episódios prolongados e severos. Na maioria dos casos, o diagnóstico de uma crise epiléptica pode ser feito clinicamente por meio da obtenção de uma história detalhada e de um exame físico geral, com ênfase nas áreas neurológica e psiquiátrica; muitas vezes sendo necessário o auxílio de uma testemunha ocular.
Causas metabólicas se referem a manifestações ou alterações bioquímicas como erros inatos do metabolismo. Causa imune quando há evidência de uma inflamação imunomediada no sistema nervoso central e causa desconhecida quando a etiologia não foi definida.
O principal exame é o eletroencefalograma (EEG) e, mesmo não sendo obrigatório, possui papel auxiliando em um diagnóstico mais acurado. O EEG é capaz de, quando alterado, identificar o tipo e a localização da atividade epileptiforme, orientar na classificação da síndrome epiléptica e na escolha do fármaco antiepiléptico (FAE). Exames de imagem (ressonância magnética (RM) do encéfalo e tomografia computadorizada (TC) de crânio) devem ser solicitados na suspeita de causas estruturais. O objetivo do tratamento é controlar completamente as crises epilépticas, sem efeitos adversos intoleráveis, permitindo que o paciente atinja a plenitude das suas capacidades.
A escolha adequada das drogas antiepiléticas é baseada nas informações colhidas sobre o tipo de crise e ou síndrome epilética, idade, tolerabilidade, segurança e eficácia. Outro tratamento utilizado para epilepsia em casos selecionados é o Cbd. A Cannabis sativa é uma planta que contém aproximadamente 100 compostos farmacologicamente ativos, o Cbd (CBD) faz parte destes componentes. Não é psicoativo, tem baixa toxicidade e alta tolerabilidade em seres humanos e animais. Tem efeito antiepilético comprovado, estudos clínicos evidenciam os efeitos benéficos do CBD contra crises convulsivas, com melhora expressiva das crises em síndromes epiléticas refratárias ao tratamento, apresentando melhora total ou parcial na maioria dos pacientes analisados.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) regulamentou o uso do Cbd no Brasil através de sua resolução nº 2.113/14. Está indicado em casos de síndromes epiléticas refratárias ao tratamento convencional liberado. As medicações utilizadas previamente pelo paciente são mantidas em associação ao Cbd.